terça-feira, 12 de outubro de 2010

Rumo à potência verde

Na última edição da Revista Veja, um reconhecido estudioso, o primatólogo Russel Mittermeier diz que o Brasil poderá ser o primeiro país do mundo a virar um colosso econômico sem destruir a natureza. Dono da maior biodiversidade do planeta, perdendo somente para a Indonésia, o Brasil vêm implementando projetos de conservação ambiental pioneiros, cuja cobertura florestal está aumentando. Se comparado a outros países que possuem consciência ambiental valorizada, como a Costa Rica, no entando esses ainda não podem ser considerados potências econômicas ou emergentes. Assim, o Brasil tem tudo para ser líder mundial dentro dessa perspectiva, a do desenvolvimento sustentável, visto que tem uma elevada diversidade biológica, que a destruição ambiental como condição para o desenvolvimento é uma estupidez do século passado e que o nosso país conta com organizações que elaboram programas ambientais como nenhum outro. As vezes não é bem o que vemos ao lado, porém é uma perspectiva otimista e animadora para nós que trabalhamos em prol dessa causa tão nobre.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Meio ambiente X Música

O título desta postagem é até certo ponto antagônico, porém, na nossa opinião não e vou explicar porquê. Em primeiro lugar, vamos relembrar o conceito de meio ambiente, que pode ser definido como o conjunto de todas as coisas vivas e não vivas presentes na terra, e que afetam a vida das pessoas. Por exemplo, os ecossistemas são uma unidade ecológica, porém apenas uma componente. No entanto, a atenção ao equilíbrio do todo deve ser prioridade. Cadê a visão holística ou sistêmica de funcionamento das coisas? Muito se fala, e pouco se faz! Bom, vamos a história. Estava voltando neste domingo do litoral, e ao chegar na cidade de Indaial, passando pela rua central da cidade, em frente a Prefeitura, me deparei com centenas de jovens, exibindo seus carros, suas motos, bebendo, fumando, paquerando e .....bom, até ai, nada de mal, cada um cada um, porém, fiquei pensando com meus botões, se a cidade não se preocupa com o bem estar desses jovens e ainda se não se preocupa em oferecer entretenimento a esses. Acho que não! Cidades próximas possuem teatros, cinemas, shoppings, eventos de música, opa, música....e essa sim pode ser uma boa opção. Lembrem-se, meio ambiente é o todo, e música é parte dele sim! Ao chegar em casa, entro no site de uma das minhas bandas preferidas, o Hangar, banda de heavy metal. Como baterista, ouço de tudo, jazz, mpb, rock, mas este último me chama mais a atenção. Ao ler no site da banda Hangar, o seu último diário, uma surpresa! Os membros da banda decepcionados não com o festival River Rock, realizado no mês de agosto, mas irritados com a administração pública da cidade que insiste em não apoiar um evento como este. No texto (http://www.hangar.mus.br/port/diario.php), dizem ainda que os políticos não querem essas "pessoas vestidadas de preto" na cidade. Para mim, apenas corroborando aquilo que citei anteriormente, ou seja, falta de visão holística, do todo...e consequentemente, o meio ambiente não deve estar inserido nas ações de uma administração que pensa assim. Ou está! Será que quem não se preocupa com os jovens, não dando opções de entretenimento aos mesmos, quem tem uma visão estática e preconceituosa em relação a um determinado estilo musical irá se preocupar com a proteção de seus ecossistemas por exemplo. Acho que não! Que se dane a mata ciliar, devem pensar. Talvez nem saibam o que é isso. Mas pouco importa. E o mais interessante, é dar margem a uma banda de renome internacional, como é o caso da banda Hangar vir e constatar isso. E olha que não são apenas uns "carinhas de preto fazendo um som", pois os mesmos estudaram anos e anos para chegarem ao nível musical que tem, e hoje arrastam milhares de fans pelo mundo. Uma lástima!!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

ONG Oikonos

Depois de um bom tempo sem novas postagens, voltamos a ativa! Esperamos que o último post, na qual destaca a postagem do relatório o Estado do Mundo, tenha sido válido, e que a nossa situação não é nada otimista. Mas seguimos em frente, e agora com a recomendação de visita a um site em específico, o da Oikonos (www.oikonos.org). A ONG apresenta inúmeros projetos e seus cientistas buscam a captação de recursos para o entendimento dos ecossistemas, informações essas fundamentais para a boa gestão dos recursos naturais. Deixo aqui o link de um vídeo, na qual algumas das ações da Oikonos podem ser vistas. Vale a pena!!

Assistam o vídeo: http://www.oikonos.org/video/intro_long/

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Estado do Mundo - 2010

A Akatu, em parceria com a Worldwatch Institute (WWI) dos Estados Unidos, lançaram ontem (30/06) a versão em português do relatório Estado do Mundo, que traz um panorama geral do padrão de consumo insustentável e a necessidade urgente de mudanças culturais e de comportamento das pessoas frente a esta situação. E o mais assustador é a desigualdade social, na qual aproximadamente 20% ou 1/6 dos mais ricos consomem até 78% de todos os recursos naturais, enquanto que 80% ficam com apenas 22%. E é justamente esse um dos piores diagnósticos, pois sabe-se que um dos pilares dos desenvolvimento sustentável é justamente a equidade social, em conjunto com o desenvolvimento econômico e a proteção dos recursos naturais. Para baixar o relatório na íntegra, acessem o link: www.akatu.org.br

terça-feira, 15 de junho de 2010

Novos artigos científicos

Recentemente, foram aceitos para publicação, dois importantes artigos científicos sobre a ecologia das aves marinhas, elaborados pelo corpo técnico da Eco-Sensu. O primeiro deles trata das variações sazonais da gaivota Larus dominicanus e sua relação com parâmetros físicos, registrados na foz do estuário do Rio Itajaí-Açú. Este artigo foi publicado em uma importante revista, a Iheringia (zoologia), de Porto Alegre, e que tem o conceito "Qualis A" na avaliação da CAPES, do MEC. Para se ter idéia do rigor científico exigido para uma publicação em um periódico como este, o mesmo foi encaminhado em meados de 2008, sendo aceito somente agora, depois de passar pelo crivo de cientistas respeitados da área. O segundo artigo, não menos importante, trata da observação de uma espécie endêmica de atobá da África do Sul, o Sula capensis, que foi registrado na costa da Patagônia Argentina, em 2007. Uma equipe de pesquisadores brasileiros, argentinos e norte americanos realizaram o trabalho, sendo publicado em um periódico internacional sobre ornitologia, a Ostrich. Entre os autores do trabalho, encontra-se a ilustre Dra. Dee Boersma, que é professora sênior da Universidade de Washington, em Seattle, EUA. O trabalho aconteceu graças a um estágio realizado no CENPAT - Centro Nacional Patagônico. Quem tiver o interesse na leitura dos artigos, pode entrar em contato com o email: contato@eco-sensu.com.br , solicitando cópias em pdf.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Novo Site do COAVE

Já está no ar o novo site do COAVE - Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu. O site está muito bem estruturado e conta com diversas links interessantes, área para downloads, dicas de sites, relatório de atividades e uma biblioteca de aves, com os nomes científicos e populares. O Clube tem como objetivos a prática de observação de aves com finalidade turística e de educação Ambiental, e mais recentemente está a frente de um projeto aprovado pela FAPESC para o monitoramento das aves que podem ser obervadas na área de abrangência da 35 SDR, composta pelos municípios de Indaial, Timbó, Benedito Novo, Rodeio, Ascurra e Doutor Pedrinho. Este trabalho irá fornecer importantes subsídios a respeito da ecologia das aves que habitam essas áreas, e que portanto, são importantes para a tomada de decisão de ocupação e manejo sustentável desses locais. O clube conta ainda com o apoio da Uniasselvi.

domingo, 6 de junho de 2010

Dia Mundial do Meio Ambiente - 05/06/20....

E mais um dia mundial para comemorar! Os meios de comunicação adoram, cheios de verdades absolutas e fórmulas mágicas. Os pontinhos ao final da data, o significam? Até quando comemorar! Agora o Dia Mundial do Meio Ambiente, que deveríamos comemorar todos os dias. Fazendo a "NOSSA" parte, não jogando lixo no chão, separando o lixo, andando menos de carro, economizando energia, sendo menos ganancioso, escutando música boa, gostando dos bichos, indo passear no interior, tomando UMA cerveja e não um engradado para depois ficar enchendo os outros, praticar um hobbie, enfim, sendo uma pessoa melhor, em harmonia com tudo e com todos. A conseqüência disso? O respeito pela natureza...ou seja, agindo localmente e pensando globalmente! Cada um fazendo um pouquinho, só isso...

sábado, 22 de maio de 2010

Dia Mundial da Biodiversidade

Enquanto o mundo se prepara para celebrar a diversidade da vida na Terra, muitas organizações estão conclamando os governos a fazer mudanças fundamentais no planejamento econômico para evitar o colapso do sistema de manutenção da vida no planeta. Hoje, dia 22 de maio, o mundo celebrará o Dia Internacional da Biodiversidade, que foi proclamado pelas Nações Unidas em 1993 com o objetivo de “ampliar a compreensão e a consciência acerca das questões de biodiversidade.” A biodiversidade e a saúde dos ecossistemas naturais são o fundamento do bem-estar humano e da economia porque oferecem um leque de benefícios, ou “serviços”, como ar e água limpos, proteção contra desastres naturais, medicamentos e alimentos. Os especialistas estimam o valor econômico global da biodiversidade como nada menos que US$ 33 trilhões ao ano. E os governos raramente levam em consideração os benefícios econômicos e sociais da natureza em suas políticas e atividades, afirmou Rolf Hogan, pesquisador do assunto. “Isso leva à destruição dos ecossistemas naturais e compromete o nosso futuro. A situação está se tornando uma crise”. Paralelamente a isso, os governos do mundo não cumpriram a promessa que assumiram em 2002, junto à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), de reduzir consideravelmente o índice de perda da biodiversidade até 2010, o Ano Internacional da Biodiversidade. Estudos recentes, inclusive o Panorama Global da Biodiversidade 3 (Global Biodiversity Outlook 3, relatório preparado pela CDB), mostram que a continuidade da perda maciça da biodiversidade é uma probabilidade cada vez maior. De acordo com os estudos, estamos nos aproximando de diversos “pontos de colapso”, em que os ecossistemas entrarão em estados menos produtivos, dos quais poderá ser impossível se recuperar. O relatório da CDB mostra que, infelizmente, a conservação dos ecossistemas e das espécies, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição dos benefícios da biodiversidade ainda não fazem parte dos principais critérios considerados por tomadores de decisão, sejam de governos ou empresas. O que é muito triste!
Fonte: WWF Brasil.

domingo, 9 de maio de 2010

Dia Mundial das Aves Migratórias

O dia 8 de maio é o Dia Mundial das Aves Migratórias. As aves migratórias são aquelas cujo ciclo biológico inclui a migração, ou seja, o deslocamento regular de um lugar para outro em determinado período do ano. Essa migração pode ser decorrente da procura por locais mais quentes, apropriados para a reprodução, para a alimentação ou mesmo ser de origem genética. Existem migrações de longa distância (transcontinentais), de distância média ou distâncias mais curtas. Exemplo de aves que realizam longas migrações são espécies de maçariquinhos, andorinhas-do-mar, que chegam a voar milhares de quilômetros desde o local onde se reproduzem, em geral no Ártico ou outro local do Hemisfério Norte, até o Sul do Brasil. As que realizam o segundo tipo de migração podem ser exemplificadas por aquelas espécies que passam o inverno austral no sul do Brasil, provenientes do Sul da Argentina, como algumas batuíras. Existem, ainda, espécies que utilizam recursos favoráveis no Sul do Brasil durante as estações mais quentes, aqui nidificando, para depois retornarem ao centro e ao norte do país para passar o inverno. Há ainda espécies migratórias de tamanho pequeno que geral mente são percebidos somente pelos observadores mais atentos. Apesar de realizarem migrações mais curtas comparativamente às aves que vêm de outros continentes, possuem as mesmas necessidades ambientais dessas e são também aves migratórias. Um exemplo é a popular tesourinha.
Essas aves precisam ser mais pesquisadas:

Confira a entrevista com os ornitólogos pelo Conselho Regional de Biologia do RS: Glayson, técnico da FZB e mestre em Zoologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Carla, a curadora da coleção de aves do MCT/PUCRS, mestre e doutora em Zoologia pela PUCRS e pós-doutora em Zoologia pela Universidade de Brasília.

Ascom CRBio 3 - Qual a importância de se estudar as aves migratórias?

Glayson Bencke - As aves migratórias muitas vezes transcendem fronteiras políticas em suas migrações e, assim, são bens naturais internacionais. Sua conservação é responsabilidade de todos os países atravessados por suas rotas migratórias. Assim, são protegidas por acordos e tratados internacionais.
As aves migratórias já receberam mais atenção de pesquisa no passado, quando o Cemave (órgão do ICMBio responsável pela coordenação do anilhamento no país) era mais atuante e contava com mais pesquisadores.

Ascom CRBio 3 - Então elas servem de bioindicadores de qualidade ambiental?

Carla Fontana - Assim como o estudo das demais aves, o das aves migratórias permite de uma forma geral o conhecimento da biodiversidade de um local. As aves são muito interessantes do ponto de vista acadêmico, pois estão amplamente distribuídas em todos o ambientes da terra, menos o abissal, por serem coloridas, por cantarem, por serem de observação relativamente fácil, por servirem de alimento (como as aves domesticadas). Além de conhecimento acadêmico puro, os estudos de aves em geral fornecem interessantes respostas a problemas relacionados ao meio ambiente, sendo a presença de aves migratórias e não migratórias consideradas indicadoras de qualidade ambiental. Quanto mais espécies de aves, melhor será o ambiente, pois as aves estão onde existe vegetação (para abrigo, comida, ninhos), rios limpos, pouca poluição do ar. Enfim fatores ambientais que também favorecem a qualidade de vida e a saúde humana.

Glayson - Estudar aves migratórias é tão importante quanto estudar as demais espécies de aves ou outros grupos de animais e plantas. Permite que conheçamos melhor esses organismos e o modo como se relacionam com o seu ambiente e com os seres humanos. Mas o ciclo anual das aves migratórias envolve uma característica muito peculiar, que faz com que o seu estudo seja um desafio para os pesquisadores, mesmo quando se utiliza a tecnologia mais avançada. Elas se deslocam anualmente por longas distâncias, muitas vezes à noite e atravessando o oceano ou regiões remotas, viajando entre as suas regiões de reprodução e as regiões onde passam o período não-reprodutivo. É muito difícil acompanhar esses deslocamentos para descobrir por onde as aves migram, sendo necessário recorrer a técnicas como o anilhamento, a radiotelemetria e o monitoramento por satélite. Por causa da migração, essas aves dependem tanto dos hábitats existentes nos extremos de suas rotas de migração quanto de hábitats situados ao longo dessas rotas, os chamados paradouros migratórios. A migração precisa ser sincronizada com outras fases do ciclo anual das aves, como a muda de penas, e também com a disponibilidade de alimento e hábitats adequados nos pontos de parada e nas áreas de origem e destino. Assim, a vida dessas aves envolve muito mais riscos do que a das aves residentes. As aves migratórias também podem servir como indicadoras da saúde do ambiente. No início da década houve uma mortandade muito grande de gaviões-papa-gafanhotos na Argentina, que se reproduzem na América do Norte e migram para diversas regiões da América do Sul durante o inverno do hemisfério norte. As aves estavam morrendo por causa de um pesticida organofosforado que já estava proibido em outros países, mas que continuava sendo usado na Argentina, para o combate de gafanhotos. O caso é bem emblemático pois levou à proibição do uso do pesticida em um país do terceiro mundo, por causa do risco que estava representando a uma ave migratória originária de um país do primeiro mundo, onde o veneno é produzido ou patenteado. É muito difícil acompanhar esses deslocamentos para descobrir por onde as aves migram, sendo necessário recorrer a técnicas como o anilhamento, a radiotelemetria e o monitoramento por satélite. Por causa da migração, essas aves dependem tanto dos hábitats existentes nos extremos de suas rotas de migração quanto de hábitats situados ao longo dessas rotas, os chamados paradouros migratórios. A migração precisa ser sincronizada com outras fases do ciclo anual das aves, como a muda de penas, e também com a disponibilidade de alimento e hábitats adequados nos pontos de parada e nas áreas de origem e destino. Assim, a vida dessas aves envolve muito mais riscos do que a das aves residentes.

Ascom CRBio 3 - Que espécies usam o Rio Grande do Sul como rota?

Glayson - O RS, por causa da sua posição geográfica, tem uma grande diversidade de aves migratórias. Praticamente uma em cada quatro espécies de aves que ocorrem no RS realiza algum tipo de deslocamento migratório, o que corresponde a aproximadamente 160 espécies. Cerca de meia dúzia de grandes sistemas migratórios, cada qual com uma ou mais rotas migratórias diferentes, unem ecologicamente as paisagens terrestres e a zona oceânica do RS a outras regiões do continente sul-americano, do Hemisfério Ocidental, do Velho Mundo e até ao Ártico e à Antártica (no caso de aves marinhas). Recebemos regularmente visitantes do Alasca, do Canadá, dos Estados Unidos e até das Ilhas Britânicas. Em menor quantidade vêm aves do extremo sul da América do Sul: Terra do Fogo, estepe patagônia e ilhas Malvinas. Há também aves aquáticas que se deslocam entre as planícies do baixo rio Paraná, na Argentina, ou o Pantanal matogrossense, e o litoral do RS, como o marrecão e o cabeça-seca (um tipo de cegonha). Por outro lado, muitas aves que se reproduzem aqui abandonam o Estado no período de outono e inverno, dirigindo-se para o centro e o norte do continente, como algumas andorinhas e a tesourinha. Há também algumas aves que só atravessam o RS em suas migrações. As aves que realizam os deslocamentos mais extraordinários são os maçaricos de praia e batuíras, e os trinta-réis (andorinhas-do-mar), comuns no litoral do RS, especialmente na Lagoa do Peixe.

Ascom CRBio 3 - Como esses animais influenciam em questões de saúde pública?

Glayson - Recentemente tivemos um surto de uma forma extremamente patogênica do vírus da gripe aviária (H5N1) na Ásia, que acabou chegando a outros continentes do Velho Mundo. As aves migratórias foram consideradas as principais suspeitas do transporte do vírus a longas distâncias. Assim, muito esforço foi feito para monitorar as aves e a disseminação do vírus, inclusive no Brasil. Também há outras doenças emergentes que podem ser rapidamente disseminadas por aves migratórias, como a Febre do Nilo. Ainda que nem sempre as aves sejam as principais responsáveis pela disseminação de algumas dessas doenças, a possibilidade existe e ela deve ser avaliada. Aqui no Estado, recentemente participei da construção de um modelo de avaliação de risco de introdução da gripe aviária no Estado, em um projeto coordenado pela Faculdade de Veterinária da UFRGS. Nessa ocasião, o conhecimento refinado sobre as rotas, hábitats e períodos de ocorrência das espécies migratórias no RS mostrou-se essencial para que se pudesse construir um modelo realista e confiável. Avaliações de risco desse tipo são importantes devido aos potenciais prejuízos que a introdução de um vírus como o H5N1 esse pode causar à avicultura no Estado e no Brasil, afetando inclusive as exportações. E também pelo risco de pandemias mundiais, em razão da possibilidade de mutação do vírus.

Ascom CRBio 3 - Que pesquisas são realizadas com aves migratórias no RS?

Carla - O Grupo de pesquisas de Ornitologia do MCT/PUCRS vem trabalhando com a Biologia reprodutiva de espécies migratórias campestres do Sul do Bioma Mata Atlântica. O projeto visa ampliar o conhecimento sobre a Biologia básica de cinco espécies de aves regionalmente ameaçadas de extinção dos Campos de Cima da Serra. Destas, quatro são espécies migratórias que nidificam em áreas de campo nativo conservado durante a primavera e o verão e passam o inverno em áreas mais quentes do país. As espécies estudadas são granívoras e insetívoras de tamanho diminuto (6 a 12 g de massa corporal), como a patativa (Sporophila plumbea), o caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster), o caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha), o papa-moscas-do-campo (Culicivora caudacuta) e o papa-moscas-canela (Polystictus pectoralis). Essas espécies são tipicamente campestres, raras e com conhecimento científico ainda escasso. Assim como outras espécies de aves da região dos campos de cima da serra, suas populações vem sofrendo com ameaças antrópicas, como substituição de áreas de campo por monoculturas de pinos, soja, arroz, entre outras culturas e também com a implantação de usinas hidrelétricas e drenagens de banhados. Os caboclinhos e a patativa, adicionalmente, sofrem com o impacto da captura ilegal para o comércio de animais silvestres. Uma população de patativa (Sporophila plumbea), por exemplo, já desapareceu totalmente em locais onde era comum no século XIX e XX e a população gaúcha, não passa de uma centena de indivíduos sexualmente ativos. Com os dados gerados ao final do estudo pretende-se compreender melhor a Biologia, a Ecologia e a migração das espécies foco a fim de contribuir para a conservação através da produção de publicações científicas, de planos de ação e de indicação de áreas prioritárias para a conservação. O projeto está sendo coordenado por mim, do MCT/PUCRS, em parceria com a IGRÉ Associação Sócio Ambientalista, que tem a participação de alunos de graduação e pós-graduação da PUCRS e outros biólogos. O projeto conta com apoio financeiro das entidades Neotropical Grassland Conservancy e Fundação o Boticário de Proteção à Natureza.

Glayson - O Museu de Ciências Naturais, juntamente com a Universidade Católica de Pelotas, participa do programa de monitoramento de três espécies de maçaricos e batuíras migratórias que passam o período não-reprodutivo nos campos do Cone Sul. As espécies-alvo são o maçarico-acanelado e o batuiruçu, cujas principais áreas de concentração estão no litoral sul do RS, e o maçarico-do-campo, que ocorre principalmente na região da Campanha. Todas elas reproduzem-se na América do Norte, do Alasca às pradarias dos Estados Unidos. Essas aves são contadas simultaneamente em sítios de concentração localizados nos três países que compartilham o Pampa (Brasil, Argentina e Uruguai), para que eventuais flutuações populacionais possam ser detectadas, já que todas têm diminuído de população nas últimas décadas. O programa é parte da iniciativa Alianza del Pastizal para a conservação e o uso sustentável dos campos naturais do Cone Sul.

Ascom CRBio 3 - O deve fazer o estudante, o biólogo que quer trabalhar com aves migratórias?

Glayson - O Museu de Ciências Naturais, juntamente com a Universidade Católica de Pelotas, participa do programa de monitoramento de três espécies de maçaricos e batuíras migratórias que passam o período não-reprodutivo nos campos do Cone Sul. As espécies-alvo são o maçarico-acanelado e o batuiruçu, cujas principais áreas de concentração estão no litoral sul do RS, e o maçarico-do-campo, que ocorre principalmente na região da Campanha.
Todas elas reproduzem-se na América do Norte, do Alasca às pradarias dos Estados Unidos. Essas aves são contadas simultaneamente em sítios de concentração localizados nos três países que compartilham o Pampa (Brasil, Argentina e Uruguai), para que eventuais flutuações populacionais possam ser detectadas, já que todas têm diminuído de população nas últimas décadas. O programa é parte da iniciativa Alianza del Pastizal para a conservação e o uso sustentável dos campos naturais do Cone Sul.

domingo, 2 de maio de 2010

A montadora alemã wolkswagen mostra que está antenada com as tendências mundiais de mobilidade urbana e proteção do meio ambiente e lança uma bike elétrica. O projeto que acabou de sair do forno, acaba de ser lançado e deverá estar disponível até o final de 2010. A VW Bike, tem aros 20, autonomia de 20 km e pesa aproximadamente 20 kg, pesada para uma bicicleta normal, porém nada mal para uma elétrica. Assim como a empresa alemã, outras marcas apresentaram seus respectivos projetos, inclusos dentre de um conceito denominado de micro-mobilidade-pessoal. A natureza agradece!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Linchamento de defensores dos direitos dos animais em Pomerode-SC

No último domingo, 18 de abril, um grupo de aproximadamente 20 ativistas pelos direitos dos animais das ongs AMA Bichos de Pomerode, Oba Floripa, Instituto Ambiental Ecosul de Florianópolis e ApraBlu de Blumenau, com apoio da WSPA-Sociedade Mundial de Proteção Animal se reuniram em frente ao local onde ocorrem as cruéis e violentas “Puxadas de Cavalos”, no município de Pomerode-SC, numa manifestação ordeira e pacífica contra o sofrimento dos animais usados no evento. Pela manhã, durante a concentração para a manifestação, foi solicitada por várias vezes a presença de uma viatura da Policia Militar, visto que todos os adeptos do evento que passavam proferiam agressões verbais e ameaças, solicitação que não foi atendida. Em torno de 14:00 horas, os manifestantes se postaram ordeira e silenciosamente em frente ao local onde os animais disputavam as provas com faixas e cartazes pedindo o fim das “puxadas”, acompanhados por equipes das redes TV Band e RIC-Record e do jornal local. Em seguida começaram a ser hostilizados e agredidos com ovos podres,> pedradas, pauladas, chutes, socos e todas as formas de violência, por uma multidão ensandecida e alcoolizada de aproximadamente 50 adeptos da crueldade, incentivados pelos demais em torno de 200 participantes sob os gritos de atira, lincha, bate, mata.....Crianças assistiam e se divertiam com a violência dos adultos. O resultado do massacre que se prolongou por aproximadamente 15 minutos foi a fratura de fêmur da diretora da ApraBlu Bárbara> Lebrecht, fratura craniana da Patrícia voluntária da ApraBlu e da Zaza, Presidente da Ama Bichos, ferimentos generalizados em mais dois ativistas e no cinegrafista da TV Band que teve a sua câmera destruída, além da destruição de uma câmera de filmagem e duas máquinas fotográficas digitais dos ativistas. Face à informação de que estaria havendo um linchamento no local, após 30 minutos da pancadaria, viaturas da Policia Militar e duas ambulâncias compareceram ao local onde os ativistas tinham se refugiado e tentavam se recuperar, para as providências de praxe. As “puxadas” consistem em atrelar a cavalos uma espécie de trenó com pesos que podem chegar a 2500 kgs. e o animal que conseguir arrastar a carga mais longe vence a prova. Centenas de pessoas se reúnem no local durante todo o dia bebendo, apostando e assistindo as provas.
Conversando com algumas pessoas, estas se mostrarem favoráveis a manutenção das tradições!!! Tradição de que...?? Como seres humanos não evoluímos??? A farra do boi, a caça, as touradas, enfim todas tradições devem ser mantidas?? Esse pensamento não condiz com pessoas civilizadas e que teoricamente se dizem racionais....e assim caminha a humanidade!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Parece que não tem a ver...por Efraim Rodrigues

Na semana passada reouvi o antigo disco Tropicália no qual o maestro Rogério Duprat colocou-se décadas à frente de seu tempo, mesmo com os poucos recursos disponíveis. No YouTube também vi a brilhante coreografia Single Ladies de Beyoncé. Se quisesse, ela poderia aparecer dando piruetas na boca de um dragão furioso, mas optou por um fundo branco simples e uma gravação em branco e preto para valorizar seu trabalho. Na telona vi o filme Avatar e seu moderníssimo recurso 3D requentar a história de Pocahontas com selvagens tão bonzinhos que nem se alimentam e uma floresta tão irrealmente linda que depois dela todas outras (as de verdade) ficam xoxas. Um artigo do australiano Robert Kay na revista Tiempo fala sobre a fixação que temos por obras inauguráveis (não só políticos ávidos por votos, mas cidadãos em geral), em oposição ao trabalho ambiental de raiz, educacional e junto das pessoas.
Minha semana fez algum sentido ? A tecnologia nos ofereceu ferramentas tão boas que esquecemos o que elas são de fato. Ferramentas não substituem a capacidade, criatividade e envolvimento de seus usuários. Uma grande obra ambiental como uma usina de compostagem, um piscinão ou a descontaminaçã o de um rio podem atrair a atenção pública, mas significam pouco sem o envolvimento individual. Piscinões entopem com o lixo que as pessoas jogam nas ruas, grandes usinas de compostagem precisam que antes separemos o lixo. Infelizmente não há atalho para aumentar o envolvimento das pessoas, a não ser a boa e velha educação e o contato pessoal. Só conseguimos convencer pessoas a mudar hábitos com nosso próprio envolvimento. Ferramentas são úteis se e somente se forem bem utilizadas. Elas não substituem um grupo de pessoas focado e estimulado. Nesta semana também a Prefeitura de Londrina inaugurou uma pequena composteira para tratar os resíduos orgânicos do prédio. É uma ferramenta que desenvolvemos ao longo de anos tratando resíduos, pode ajudar muito, mas sozinha não é solução para nada. O que decidirá o resultado final é como as pessoas utilizarão esta ferramenta. A solenidade até pode ajudar a chamar um pouco a atenção, mas ferramentas não funcionam sozinhas. Em um mundo de ferramentas tão impressionantes, esquecemos que desde uma chave de roda até um Colisor de Hádrons precisam de alguém que lhes dê sentido. Não espere ter a melhor ferramenta do mundo para começar a trabalhar pelo seu sonho ambiental. Você e alguns amigos podem fazer muito com uma idéia na cabeça e uma pá na mão.
Efraim Rodrigues, Ph.D., é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lançamento de Livro

Prezados (as), quem tiver o interesse em adquirir um livro bem bacana e que trata de vários aspectos relacionados ao Rio Itajaí-Açú, pode entrar em contato com o Professor Dr. Joaquim Olinto Branco, através do site do projeto aves marinhas, http://www.avesmarinhas.com.br/.

Dentro da obra, intitulada Estuário do Rio Itajaí - Caracterização Ambiental e Alterações Antrópicas, lançada pela editora da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e organizada pelos fundadores do projeto acima citado, Luis Augusto Ebert, um dos sócios da Eco-Sensu é autor de um capítulo, na qual avalia o impacto causado pela indústria pesqueira sobre uma comunidade de aves marinhas encontradas na foz do rio.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sonho de Plástico

Com um barco feito de lixo, David de Rothschild planeja fazer uma viagem dos EUA até a Austrália para tentar despoluir os mares. Com apenas 30 anos de idade, o navegador pretende conscientizar a população mundial sobre o problema do lixo despejado nos oceanos. Sabe-se hoje que toneladas de entulhos lançados ao mar todos os anos comprometem inúmeras espécies de aves marinhas, répteis e mamíferos marinhos, matando-os por afogamento ou outros meios. No entanto, como muitos pesquisadores afirmam, de que os plásticos se decompõem rapidamente nos oceanos, estudos mais recentes mostram que o plástico fragmeta-se mais rapidamente sim, porém dando início agora a uma contaminação invisível, pois o poliestireno libera substâncias potencialmente tóxicas como o bisfenol A (BPA) e o oligômero PS - que já foram associados a disfunções hormonais e danos aos sistemas reprodutivos dos animais. Como se já não bastasse os plásticos "in natura" comprometendo a vida dos organismos.


Algumas características do barco a ser utilizado:

- Sistema de lixo extrai nitrogênio da urina e composta lixo sólido com restos de cozinha (o vaso sanitário tem um moedor) e minhocas para produzir fertilizantes descarregados nos porto
- Painéis solares, turbinas e uma bicicleta estacionária geram eletricidade, que é estocada em baterias de 12 volts - suficiente para alimentar luzes de LED do barco e equipamentos de navegação;
- Cada casco é composto por 7.500 garrafas PET de dois litros seguras por moldura metálica. As garrafas são pressurizadas com CO2 para aumentar a rigidez do barco;
- O dessanilizador manual cria vácuo para extrair o sal da água e consegue produzir até seis litros de água potável. Acessem o site: http://www.theplastiki.com

Até breve!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Incompeensível: Bicicletas X Sustentabilidade

Recentemente, uma matéria publicada na Revista Veja (edição 2147, ano 43, número 2), de 13 de janeiro de 2010 nos chamou muito a atenção. Foi publicada uma entrevista com Eduardo Jorge, membro do C40 – cidades do grupo de liderança em clima e que reúne as 40 maiores cidades do mundo. Na entrevista, intitulada de “Cidades Sustentáveis” o mesmo responde por inúmeras questões referentes aos problemas que as cidades grandes enfrentam para combater o caos urbano (trânsito caótico) e associado a este, quais estratégias devem ser tomadas para solucionar os problemas ambientais, mais especificamente o aquecimento global.
Aparentemente, Jorge não reconhece o quanto a bicicleta pode resolver muitos dos problemas urbanos e ambientais e vai mais além, incentiva a troca de carros “velhos” por “novos”, afirmando que esta seria uma das soluções para o combate do aquecimento global, por utilizarem combustíveis renováveis. Achamos que substituir um carro velho por dois novos emitirão a mesma quantidade de GEEs, além de piorar a situação congestionante do trânsito. O pior é que Eduardo diz que as bicicletas não podem substituir o transporte coletivo. Chama a atenção de todos para a “grande” kilometragem de ciclovias existentes em SP, com 20 km. Claro que se nenhum incentivo existe e a quantidade de ciclovias é insuficiente, nada poderá substituir os carros entulhando as ruas e avenidas de uma cidade e emitindo mais e mais gases contribuintes para o efeito estufa. Em todos os casos, o entrevistado parece que desconhece o exemplo de grandes cidades como Bogotá, na Colômbia, em que o Ex-Prefeito Enrique Peñalosa construiu 250 kilômetros de ciclovias e que 5 % da população ou 350 mil pessoas por dia passaram a utilizar as bicicletas como meio de trasporte. Outros benefícios surgiram com estas práticas. Valorizando o cidadão “sem motor”, distribuindo as áreas das ruas de maneira democrática e que são o principal bem público de uma cidade, reduziu a criminalidade em 80% sem falar do ganho em saúde pública. Agora, incentivar a troca de veículos nos parece mais alinhado à outros interesses, e não a devida melhora da qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente.