quinta-feira, 22 de abril de 2010

Linchamento de defensores dos direitos dos animais em Pomerode-SC

No último domingo, 18 de abril, um grupo de aproximadamente 20 ativistas pelos direitos dos animais das ongs AMA Bichos de Pomerode, Oba Floripa, Instituto Ambiental Ecosul de Florianópolis e ApraBlu de Blumenau, com apoio da WSPA-Sociedade Mundial de Proteção Animal se reuniram em frente ao local onde ocorrem as cruéis e violentas “Puxadas de Cavalos”, no município de Pomerode-SC, numa manifestação ordeira e pacífica contra o sofrimento dos animais usados no evento. Pela manhã, durante a concentração para a manifestação, foi solicitada por várias vezes a presença de uma viatura da Policia Militar, visto que todos os adeptos do evento que passavam proferiam agressões verbais e ameaças, solicitação que não foi atendida. Em torno de 14:00 horas, os manifestantes se postaram ordeira e silenciosamente em frente ao local onde os animais disputavam as provas com faixas e cartazes pedindo o fim das “puxadas”, acompanhados por equipes das redes TV Band e RIC-Record e do jornal local. Em seguida começaram a ser hostilizados e agredidos com ovos podres,> pedradas, pauladas, chutes, socos e todas as formas de violência, por uma multidão ensandecida e alcoolizada de aproximadamente 50 adeptos da crueldade, incentivados pelos demais em torno de 200 participantes sob os gritos de atira, lincha, bate, mata.....Crianças assistiam e se divertiam com a violência dos adultos. O resultado do massacre que se prolongou por aproximadamente 15 minutos foi a fratura de fêmur da diretora da ApraBlu Bárbara> Lebrecht, fratura craniana da Patrícia voluntária da ApraBlu e da Zaza, Presidente da Ama Bichos, ferimentos generalizados em mais dois ativistas e no cinegrafista da TV Band que teve a sua câmera destruída, além da destruição de uma câmera de filmagem e duas máquinas fotográficas digitais dos ativistas. Face à informação de que estaria havendo um linchamento no local, após 30 minutos da pancadaria, viaturas da Policia Militar e duas ambulâncias compareceram ao local onde os ativistas tinham se refugiado e tentavam se recuperar, para as providências de praxe. As “puxadas” consistem em atrelar a cavalos uma espécie de trenó com pesos que podem chegar a 2500 kgs. e o animal que conseguir arrastar a carga mais longe vence a prova. Centenas de pessoas se reúnem no local durante todo o dia bebendo, apostando e assistindo as provas.
Conversando com algumas pessoas, estas se mostrarem favoráveis a manutenção das tradições!!! Tradição de que...?? Como seres humanos não evoluímos??? A farra do boi, a caça, as touradas, enfim todas tradições devem ser mantidas?? Esse pensamento não condiz com pessoas civilizadas e que teoricamente se dizem racionais....e assim caminha a humanidade!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Parece que não tem a ver...por Efraim Rodrigues

Na semana passada reouvi o antigo disco Tropicália no qual o maestro Rogério Duprat colocou-se décadas à frente de seu tempo, mesmo com os poucos recursos disponíveis. No YouTube também vi a brilhante coreografia Single Ladies de Beyoncé. Se quisesse, ela poderia aparecer dando piruetas na boca de um dragão furioso, mas optou por um fundo branco simples e uma gravação em branco e preto para valorizar seu trabalho. Na telona vi o filme Avatar e seu moderníssimo recurso 3D requentar a história de Pocahontas com selvagens tão bonzinhos que nem se alimentam e uma floresta tão irrealmente linda que depois dela todas outras (as de verdade) ficam xoxas. Um artigo do australiano Robert Kay na revista Tiempo fala sobre a fixação que temos por obras inauguráveis (não só políticos ávidos por votos, mas cidadãos em geral), em oposição ao trabalho ambiental de raiz, educacional e junto das pessoas.
Minha semana fez algum sentido ? A tecnologia nos ofereceu ferramentas tão boas que esquecemos o que elas são de fato. Ferramentas não substituem a capacidade, criatividade e envolvimento de seus usuários. Uma grande obra ambiental como uma usina de compostagem, um piscinão ou a descontaminaçã o de um rio podem atrair a atenção pública, mas significam pouco sem o envolvimento individual. Piscinões entopem com o lixo que as pessoas jogam nas ruas, grandes usinas de compostagem precisam que antes separemos o lixo. Infelizmente não há atalho para aumentar o envolvimento das pessoas, a não ser a boa e velha educação e o contato pessoal. Só conseguimos convencer pessoas a mudar hábitos com nosso próprio envolvimento. Ferramentas são úteis se e somente se forem bem utilizadas. Elas não substituem um grupo de pessoas focado e estimulado. Nesta semana também a Prefeitura de Londrina inaugurou uma pequena composteira para tratar os resíduos orgânicos do prédio. É uma ferramenta que desenvolvemos ao longo de anos tratando resíduos, pode ajudar muito, mas sozinha não é solução para nada. O que decidirá o resultado final é como as pessoas utilizarão esta ferramenta. A solenidade até pode ajudar a chamar um pouco a atenção, mas ferramentas não funcionam sozinhas. Em um mundo de ferramentas tão impressionantes, esquecemos que desde uma chave de roda até um Colisor de Hádrons precisam de alguém que lhes dê sentido. Não espere ter a melhor ferramenta do mundo para começar a trabalhar pelo seu sonho ambiental. Você e alguns amigos podem fazer muito com uma idéia na cabeça e uma pá na mão.
Efraim Rodrigues, Ph.D., é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores.