quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Incompeensível: Bicicletas X Sustentabilidade

Recentemente, uma matéria publicada na Revista Veja (edição 2147, ano 43, número 2), de 13 de janeiro de 2010 nos chamou muito a atenção. Foi publicada uma entrevista com Eduardo Jorge, membro do C40 – cidades do grupo de liderança em clima e que reúne as 40 maiores cidades do mundo. Na entrevista, intitulada de “Cidades Sustentáveis” o mesmo responde por inúmeras questões referentes aos problemas que as cidades grandes enfrentam para combater o caos urbano (trânsito caótico) e associado a este, quais estratégias devem ser tomadas para solucionar os problemas ambientais, mais especificamente o aquecimento global.
Aparentemente, Jorge não reconhece o quanto a bicicleta pode resolver muitos dos problemas urbanos e ambientais e vai mais além, incentiva a troca de carros “velhos” por “novos”, afirmando que esta seria uma das soluções para o combate do aquecimento global, por utilizarem combustíveis renováveis. Achamos que substituir um carro velho por dois novos emitirão a mesma quantidade de GEEs, além de piorar a situação congestionante do trânsito. O pior é que Eduardo diz que as bicicletas não podem substituir o transporte coletivo. Chama a atenção de todos para a “grande” kilometragem de ciclovias existentes em SP, com 20 km. Claro que se nenhum incentivo existe e a quantidade de ciclovias é insuficiente, nada poderá substituir os carros entulhando as ruas e avenidas de uma cidade e emitindo mais e mais gases contribuintes para o efeito estufa. Em todos os casos, o entrevistado parece que desconhece o exemplo de grandes cidades como Bogotá, na Colômbia, em que o Ex-Prefeito Enrique Peñalosa construiu 250 kilômetros de ciclovias e que 5 % da população ou 350 mil pessoas por dia passaram a utilizar as bicicletas como meio de trasporte. Outros benefícios surgiram com estas práticas. Valorizando o cidadão “sem motor”, distribuindo as áreas das ruas de maneira democrática e que são o principal bem público de uma cidade, reduziu a criminalidade em 80% sem falar do ganho em saúde pública. Agora, incentivar a troca de veículos nos parece mais alinhado à outros interesses, e não a devida melhora da qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente.